domingo, 25 de dezembro de 2011

O Anel de Luvithy e os Magos

Cena 1 – primeiro ato



Os galhos secos estalam na fogueira enquanto o mago ancião monta guarda diante de uma antiga porta... “- Muitos são os segredos a serem velados” diz com o olhar ao longe, mas se mantendo atendo ao movimento de tudo ao seu redor, inclusive ao quebrar de gravetos no chão. Um vulto parece aproximar ao longe trazendo consigo uma aura incomum, então o ancião, com voz pausada e preocupado,fala:

- Esta noite você está descuidado Marco... – pronuncia o mago ancião sem tirar o olhar da fogueira, enquanto as chamas crepitavam em azul anil – demorou para chegar, estou te esperando ha um bom tempo e parece que temos visitas inesperadas esta noite...

Marco Gisel chegando por entre as árvores pensa: “Cada dia que passa fica mais difícil de encontra-lo... e ele sempre sabe quando estou chegando”. Quando ia começar a falar é logo interrompido pelo mago ancião que joga um punhado de pó colorido na fogueira criando uma pequena explosão, fazendo as chamas mudarem de cor para um dourado luminoso..

Olhando diretamente para os olhos de Marco, fala com voz grave: - Sei o porque veio Marco e temos muito o que conversar.

Marco senta-se do outro lado da fogueira esperando suas palavras...

Do outra lado, uma sombra chega perto dos dois magos, com olhos felinos, esgueira-se e fica perto da fogueira, que o clarão das laberadas revela sua face: Era o mago Arkano Indigo, vindo de uma jornada....Observa tudo com calma, como se não pertencesse a este mundo.

O mago ancião joga mais um punhado de pó na fogueira causando mais uma pequena explosão multi colorida. -Seja bem vindo de volta mago Arkano, em seus olhos vejo que tem muitas histórias para contar, logo mais te deixo a par de tudo que ocorreu na sua ausência....

O mago recém chegado apenas assente com a cabeça e continua a olhar o fogo, remoído de lembranças e entre pensamentos.. Marco o saúda.

O mago ancião continua falando com firmeza, embora pausadamente...
- O necromante que procuram é muito esperto e sorrateiro... mal se sabe se é homem ou mulher... ele realmente não age sozinho... ele é um marionete da deusa Luvithy... os antigos deuses das trevas embora estejam banidos, por vez ou outra conseguem manipular as pessoas deste mundo para tentarem sair do Abismo e chegarem aqui. E com Luvithy não é diferente, ela manipulou o necromante em sua busca até o covil dos dragões, através dele usou sua magia negra para acobertá-lo e faze-lo passar desapercebido.

Marco, como que hipnotizado, olhando para as chamas, sente na entonação das sabias palavras do mago ancião, que precisam agir rapidamente.

O mago ancião com sua voz grave...
- A deusa embutiu em sua mente sonhos ambiciosos de poder e riqueza, fazendo-o acreditar que de posse do anel se tornará o senhor desse mundo... que seus inimigos serão esmagados e os que sobreviverem se prostarão a seus pés... mas sabemos que isso não acontecerá, pois toda as forças do portador do anel serão sugadas, como todos os que tentaram usá-lo e substimaram sua maldição. Essas forças são direcionadas para a deusa, com isso Luvithy um dia, poderá ter chance de retornar e dar início a uma nova era de destruição e morte.

Marco escuta com atenção as palavras do ancião, mas se levanta e diz:
- Vamos fazer um ritual para localizar o anel e esse necromante. Vamos acabar com ele.

- Não se preocupe com isso, já providenciei um mensageiro avisando que você não estara presente... quanto ao ritual os outros magos do conselho vão conseguir faze-lo com sucesso... pelo menos vão saber o que precisam saber... por enquanto - diz o mago ancião com um tom misterioso na voz, deixando Marco intrigado.

- Muitos dizem que Luvithy também é uma das faces de Tenebra a deusa vampira e se isso for verdade nossa situação se agrava muito mais, porque até o poder dos dragões pode não ser o suficiente para dete-la, por isso o necromante provocou o isolamento da raça, sem a aliança seremos presas fáceis. Gesticulando as mãos por entre as chamas o mago ancião passa noite explicando para o mago Arkano tudo que aconteceu na ilha na sua ausência e para Marco mais detalhes sobre a trama que se desenrola sobre Darknessfall.

Cena 1 – segundo ato
(Ao raiar do dia nas costas de Darknessfall)


No alto do penhasco os respingos do quebrar das ondas parecem despertar o mago de um breve transe sobre o infinito azul do mar, algo lhe chamou a atenção embora ele não saiba exatamente o que. Ele rapidamente se volta e dispara em galope, em seu cavalo pelos campos abertos e entre as colinas de Darknessfall, e ele se juntam logo outros, todos estão voltando da missão de entregar as mensagens aos membros da antiga aliança. Galopam até os portões sagrados do castelo dos magos.

No salão, os magos reunidos esperam com muito anseio as palavras de Brux1nha, que sentada diante de todos aguarda compenetrada. Busca inspiração na sabedoria de Azgha juntamente com Jabez e Daghata.

Os mensageiros irrompem pelo salão em direção de seus líderes, um a um todos os mensageiros confirmam a entrega da convocação de seus aliados.

- Agora a sorte está lançada. Diz Daghata.
- Só temos que esperar Marco para dar início ao ritual de localização do artefato mágico e de seu portador - Fala Brux1nha.
- Eu acho que não... vejam. Aponta Jabez na direção de um pássaro que em vôo raso pousa no meio do salão.

Usando suas habilidades da casa verde, os membros do conselho conseguem entender a mensagem que o animal trouxe do mago ancião que diz para continuarem sem Marco pois, a conversa entre eles ainda ia demorar.

Os magos presentes se dirigem para o andar de cima do castelo onde ficam alinhados ao redor dos três membros do alto conselho da Torre de Azgha. Daghata acende o incenso que liberando um leve aroma de magia invade todo o ar no recinto.

Tem início o ritual com Jabez batendo três vezes o cajado no chão, Daghata e Jabez erguem seus braços formando um círculo ao redor de Brux1nha. A luminosidade parece subtraída do ar para as mãos desses magos poderosos que a desprendem para o centro do salão.

Um som harmonioso entoa das mentes de todos presentes em direção ao centro do salão onde Brux1nha catalizando as energias recebidas forma uma esfera de luz plasmática diante de si, enquanto sussurra palavras mágicas em um tom melódico.



O núcleo da esfera começa a girar ao redor de si próprio cada vez mais rápido, o mesmo acontecendo com o ritmo da pronuncia de Brux1nha. Da esfera começam se desprender raios e ventos velozes até que de súbito explode um clarão...

A superfície da esfera fica translúcida, nela Brux1nha, Daghata e Jabez visualizam uma sombra admirando o fruto do seu roubo... ouvem sua gargalhada de prazer, um prazer mórbido. Embora não consigam ver seu rosto com clareza, percebem a loucura e a maldade que emanam de seus olhos, ele se vangloria de como conseguiu se esconder dos dragões até agora.
“Desta vez você não escapa necromante” pensa Jabez.

- Concentrem irmãos... concentrem. Pede Brux1nha. – Ele está envolto por uma forte magia de proteção.
Logo a visão fica mais clara, mas a figura está de costas para eles.

Só mais um pouco. Diz Daghata.

A visão vai ficando mais clara e o necromante começa a se virar... os três arregalam seus olhos diante do que vêem. – Ele sabe que o estamos observando. Diz Brux1nha.

Ele faz um gesto com as mãos, um imenso clarão acontece e a esfera se desfaz, encerrando o ritual bruscamente e quase arremessando os três magos ao chão;
Eles se entreolham.

- Nós realmente vamos precisar de ajuda meus irmãos - Fala Brux1nha, exausta.

Jabez ofegante ergue a cabeça e fala:
- Mas nós não vamos desistir... eu acho que sei onde é esse lugar.

Daghata fala com voz cansada mas firme:
- Agora vamos armar uma estratégia, esperar o Marco voltar e nossos aliados chegarem.

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Cena 2 – primeiro ato

Ao anoitecer, chove forte em Darkness Falls... há muitos relâmpagos e o vento açoita os campos e bosques...

“Não gosto desse tempo” pensa Daghata.

- Perdida em pensamentos Comandante? Pergunta Brux1nha chegando naquele momento de outro aposento.

Daghata responde sem tirar os olhos da janela:
- É que já se passaram dois dias desde que mandamos as mensagens e fizemos o ritual... e nada aconteceu... essa ansiedade me mata.

De repente as duas se voltam assustadas para a entrada da torre... cuja a porta se abre violentamente com um pontapé... Inrrompendo por ela entra Marco carregando o Mago Arkano nos ombros.

- Se é ação que você quer, trouxe uma para você... me ajudem... Ele ficou inconsciente depois de entrar em transe enquanto conversamos com o ancião. Colocando o irmão numa cama... - Use os seus conhecimentos Daghata... ele parece estar em outro plano..

Nesse momento entra a maga Jolli Breda que veio ver que barulho foi aquele que escutou :
- O que foi esse barulhão?

- Vou precisar de ajuda... Jolli, traz água quente e toalhas limpas.

Brux1nha pergunta:
- Marco, o que aconteceu com ele durante o transe?

- Não sei Brux1nha, vamos ter que esperar ele acordar. Mas posso dizer que depois que o ancião contou toda história do anel e dos acontecimentos de Darknessfall ele entrou em transe.. Seus olhos brilhavam como duas bolas de fogo rubras e falava frases em uma lingua tão antiga que nem o ancião soube decifrar...A unica palavra que entendemos, foi Luvhity ! Depois desmaiou ao solo... Fala Marco ainda ofegante. – Vem comigo temos que conversar.

Brux1nha olha para ele acenando a cabeça em sinal de positivo... ambos saem e deixam Daghata e Jolli cuidando de Arkano ainda inconsciente.


Cena 2 – Segundo ato

Na manhã seguinte o mago Arkano abre os olhos lentamente, sentindo o corpo ainda moído, tentando se erguer com dificuldade... sente o calor de mãos suaves sobre os seus ombros.

- Ainda não é hora... você ainda está muito fraco... Era a voz de Jolli – Você teve sorte, se não fosse o Marco para te trazer a tempo aqui... e ainda bem que Daghata é boa nisso de curar pessoas.

- Luvhity.......Anel...dragões..Anjos.... Começa a balbuciar frases soltas, enquanto sente uma dor forte na cabeça que o impede de continuar.

- Calma... eu falei que não é hora. Fala Jolli. – Descansa... você está na torre dos magos, logo a Brux1nha, Marco e Daghata virão falar com você.

- Sentindo ainda uma dor lacerante, como se pregos cravassem em sua mente, vê tudo em sua volta girar e perde os sentidos novamente.

Jolli se levanta:
- Vou avisar a Daghata, logo ele recobrara a consciência.


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Cena 3 – primeiro ato
(uma semana após o ritual)

Diante da Torre dos Magos, Ankh pratica seu kata com espada, elevando o seu espírito e a sua mente unindo-se com o seu Bodhicitta (Avatar), como é de costume dos membros da Irmandade de Akasha, seus movimentos são rápidos, firmes e inteiramente suaves, como se suas espadas cortassem uma fina cortina de seda. O mago Tchow está próximo, cantando e pescando sentado na ponte. Alguns breves momentos de tranqüilidade num momento tão conturbado que Darkness Falls está vivendo.
De repente os músculos de Ankh se contraem e ele assume uma postura inflexível de guarda, entrando num estado de profundo transe... quando desperta guarda rapidamente suas espadas...
Tchow observando seu amigo e com ares divertidos, fala:
- O que foi Ankh? Errou o passo?

- Não irmão Tchow... – Diz Ankh rapidamente. – Yin Mei vem me visitar.

- Yin Mei ?... - Ri Tchow - você tem uma namorada espertinho?

- Não irmão Tchow... tenho uma filha. Responde Ankh indo para a torre.

- Filha? Foi mal Ankh... err... puxa!! Tchow fala coçando a cabeça enquanto vê Ankh se distanciar rapidamente. – Esse pessoal de akasha é complicado mesmo.

Ankh vai até o salão superior da torre onde encontra Brux1nha lendo um antigo pergaminho de magia. Ela o olha e pergunta prestativamente:

- Sim Ankh? Deseja alguma coisa? Posso lhe ajudar?

- Sim minha líder – diz ele sempre formal – Acabo de receber uma mensagem da Bodhimandala (Capela) do vale Garuda no Himalaia, a sede da irmandade akasha... minha filha que também estuda o akasha quer me visitar aqui em Darknessfall.

- Filha? Você tem uma filha? Ora... que lindo isso Ankh – Fala Brux1nha espantada – Porque nunca comentou isso? Vocês de Akasha, sempre cheios de segredos. Quando ela chega?

- Gostaria de saber se não haveria nenhum problema quanto a isso? Se não houver ela virá dentro de três dias. Pergunta o mago akasha. – seria apenas durante dois dias, depois ela retorna para o Himalaia.

- Claro que não há problemas, embora estejamos um pouco atarefados com que está acontecendo, não vejo problema algum... Porque esse tipo de pergunta? Fica intrigada Brux1nha com a reação de Ankh.

Ankh ainda sério responde:
- É que ela é especial... chama um pouco a atenção... é diferente...

Brux1nha percebendo que havia mais coisas nessas palavras, curva-se um pouco para frente e com um movimento leve de suas mãos pelo ar fecha as portas do aposento, os dois conversam sozinhos durante algumas horas.

Cena 3 – segundo ato

Após três dias Ankh vai até o portal no alto da colina pela manhã na hora marcada, acompanhado pelo mago Tchow e pela maga barda Aradya. Passados alguns minutos, o portal se abre e dele sai Yin Mei. Tchow e Aradya se espantam quando ao invés de uma pequena menina oriental, elem vêm uma mulher alta, branca, loira e com olhos azuis cintilantes. Ankh e ela se abraçam longamente.

- Pai você não muda mesmo, não é? Diz a jovem com alegria. – Adoro esse seu uniforme de general do império chinês.

O mago akáshico com um sorriso nos lábios, retribui:
- Seja bem vinda minha pequena flor de lótus, seu sorriso irradia felicidade para o meu coração.

Ele a apresenta ao mago Tchow boquiaberto e sem jeito e a maga Aradya que se divertindo com a situação, logo se põe a conversar com Yin Mei:
- Como você é linda... seu pai devia ter nos contado de você a mais tempo. Mas ele é tão quietinho. As duas riem baixinho.

Ankh e Tchow pegam as malas e todos vão para a Torre dos magos, onde Ankh a apresenta para Brux1nha, Marco, Daghata e todos os outros, apenas o mago arkano que recobra sua consciência aos poucos, deitado na cama de madeira...

- Meus senhores, esta é minha filha Yin Mei, que na língua de vocês quer dizer donzela de prata. Fala o mago akáshico.

- Seja bem vinda Yin Mei, sinta-se em casa. Diz Brux1nha abraçando-a.

Marco sempre atencioso, fala:
- Espero que goste de nossa hospitalidade.

Daghata com muito carinho convida:
- Fizemos um pequeno almoço em sua homenagem, espero que goste.

Durante o almoço os magos se espantam com a aparência e a eloqüência da convidada, que possui um porte de rainha e finíssimos modos a mesa.

- Ela realmente chama a atenção Ankh. Fala rindo Brux1nha para o mago dando um leve piscar de olhos.

Após o almoço Ankh e Yin Mei se retiram para colocar sua conversa em dia, passeando nos campos próximos da Torre dos magos.

Cena 3 – terceiro ato

O sol está ameno naquele dia, uma leve brisa sopra pelos campos de Darknessfall, nem parece que aquele lugar passa por um período conturbado e tenso.

O dragão de bronze Ordep Dawes, gosta de ter contato com a natureza que o cerca, seus irmãos não dão importância para isso, mas ele prefere admirar as pequenas criaturas do bosque e do campo, afinal são seres vivos como ele, quem sabe encontre um esquilo tagarela ou um furão trapalhão... assim esquece um pouco todo esse alvoroço que está acontecendo...

o roubo do anel mobilizou todos os dragões, todos estão muitos nervosos e tensos, o ar anda pesado, por isso um passeio vai fazer muito bem, nunca se sabe quando um desses bichinhos resolvera falar o que viu naquele dia.
Encostado entre as pedras, enquanto curtia aquele momento ele percebe um movimento que lhe chama a atenção, um casal de humanos brincando no campo a sua frente, os dois parecem estarem se divertindo, dão risadas e conversam muito, as vezes gesticulam sinais estranhos com as mãos, o jovem dragão resolve observar com reserva e curiosidade.

- Me diz... Como estão as coisas aqui por causa do anel roubado? No vale de Garuda falam que os dragões desfizeram todas as alianças, é verdade? Pergunta a jovem Yin Mei.

Ankh responde diretamente:
- É verdade, infelizmente.

A jovem balança sua cabeça dizendo:
- Mas quando eles vão perceber que podem confiar nos magos? Será que não entendem que todos estão interligados... Que dragões e não dragões embora diferentes fazem parte de algo maior e que os que tem mais poder também tem a responsabilidade de ajudar e guiar os outros?

- Eles devem ter seus motivos... talvez ainda não seja a hora certa para isso acontecer... os dragões são uma força dinâmica do universo encarnada neste mundo... mesmo que os seus bodhicittas lhes dêem os caminhos, seus corpos carnais tem dificuldades para assimilar e expressar toda sua força e energia de maneira ordenada. Você bem o sabe não é mesmo? Fala Ankh compassadamente.

Então ela ri e com olhar maroto diz:
- Bom... vamos falar então de algo bom, trouxe-lhe um presente... meu e dos dragões celestiais.

“Dragões celestiais? Isso ta ficando mais interessante” pensa o dragão Ordep dando um passo para frente. Ele vê quando ela lhe entrega um objeto que parece um anel, mas não é como o anel azul que o seu líder procura, é comprido, dourado e cobre quase todo o dedo, ele sente um estranho alívio com a constatação. Então ele vê algo que realmente lhe chama a atenção... a mulher se distancia um pouco do homem e se concentrando, se transforma em uma dragonessa... uma jovem e bela dragonessa de prata... uma dragonessa de prata e acompanhada por um humano? Que estranha simbiose há entre eles?
Ele também percebe quando o homem se aproxima do esquilo do campo e começa a falar com ele juntamente com a dragonessa. Essa estranha sequência o deixa mais curioso ainda.
Ele tenta se aproximar o máximo sem ser percebido, sua curiosidade está quase lhe mantando... é quando ele escuta a dragonessa falar:

-Vamos pai, usa o anel que te dei de presente. Você vai adorar, não vejo a hora disso, vai ficar lindo quando se parecer comigo.

O grande dragão de bronze limpa o seu ouvido e não agüentando mais se ergue por entre os arbusto e rochas num misto de curiosidade, espanto e confusão:
- Pai?! Como assim pai? O que está acontecendo aqui? Que história é essa?

Os dois são pegos de surpresa, o mago se põe a frente da jovem dragonessa de prata que se mostra assustada como se quisesse protege-la de um possível ataque, então olhando para o dragão fala:
- Não queremos encrenca grande dragão, estamos apenas passeando pelos campos, não queremos incomodar a ninguém ou mesmo causar algum transtorno, por isso vamos embora.

Mas o dragão ainda insistindo, se põe na frente dos dois:
- Não... espera ai... como uma dragonesa pode ser filha de um humano? Alguma coisa nessa história não está certa. Fala franzindo a testa.

- Não sou apenas um humano, sou um chin’ta, um akashayana, um mago da Irmandade de Akasha que habita na torre dos magos... quanto a ela... ela é minha filha...- Pausa o mago para olhar a dragonessa, que acena a cabeça num sinal positivo para a apalavra que vai ser dita. – Ela é minha filha... adotiva...Eu a adotei depois de achá-la cativa numa masmorra a 200 anos atrás quando eu fui preso e torturado pela inquisição por mais de 20 anos. Só escapei porque um carcereiro ambicioso e burro ficou sozinho comigo e consegui usar uma magia de persuação nele, convencendo-o que podia dar a ele vida eterna se ele me libertasse, enquanto saia vi a Yin Mei acorrentada, amordassada e muito machucada... era apenas uma filhote assustada que era usada como diversão e logo seria sacrificada... eu disse ao carcereiro que o tônico que lhe oferecia só teria efeito se ela viesse comigo e ele, iludido com minhas palavras, nos libertou durante a noite dentro de barris vazios de vinho colocados numa carroça que nos levou até a vila mais próxima, de onde fugimos para longe.

O dragão Ordep Dawes ainda desconfiado fala em tom firme olhando diretamente para o mago:
- E os pais dela? Onde estão? Não abandonamos nossos filhotes.

Ankh continua seu relato:
- O carcereiro me disse que os seus pais foram mortos pelo abade e seus caçadores... o mesmo abade que me torturava e me deixou confinado naquela masmorra. Um monstro em forma de gente, que de gente não tinha nada, mais parecia um necromante ou um vampiro feiticeiro. O carcereiro ainda me disse que ele matava dragões, unicórnios e outros seres para fabricar armas e utensílios mágicos. Eu não podia deixá-la naquele lugar a mercê daquele monstro E como eu tinha chegado a Europa ha pouco tempo e não conhecia ninguém, resolvi então criá-la... nossos laços foram ficando cada vez mais fortes com o tempo, até que passamos a nos ver como pai e filha.

Com a uma voz tímida e doce a jovem dragonessa de prata se manifesta:
- Meu pai me protegeu dos outros durante quase 50 anos, foi quando ele percebeu que não tinha suficiente conhecimento para me criar com total segurança... afinal eu crescia cada vez mais e ficava mais e mais difícil de me esconder. Assim sendo ele meu enviou, por um portal, para o Himalaia, onde eu estudei o akasha e vivo entre os dragões orientais, os celestiais que se tornaram meus mentores. Logo encerrarei os estudos necessários e ingressarei na Irmandade como meu pai fez.

O grande dragão Ordep Dawes, ainda encantado pela voz doce da dragonessa, argumenta:
- Mas os dragões vivem muito mais que os humanos, mesmo sendo mago, como você acha que poderia criá-la? E... e... como você consegue falar com os animais?

Ankh responde já mais tranqüilo pois percebe que o dragão também já se mostra mais amistoso, embora curioso e ainda confuso:
- Sou aquilo que os orientais chamam de Xian, um imortal, tenho bem mais de dez mil anos... acompanhar o crescimento de um dragão não seria um problema, tive dificuldades no fato que há coisas sobre dragões que somente dragões poderiam responder... por isso a mandei para o Himalaia, pois os meus irmãos, os nobres dragões celestiais poderiam completar e terminar sua educação mais adequadamente.

- Meu pai se comunica com os animais porque é um akashayana, essa habilidade é comum entre os membros da irmandade, podemos nos comunicar mentalmente com qualquer ser, a qualquer distância... Diz a dragonessa de prata que completa a mensagem mentalmente com o dragão. “todos os anos venho visitar meu pai... não queremos nos meter em encrencas... apenas estávamos passeando... por favor nos deixe ir em paz.”

- Eu também não quero encrenca... Responde o dragão de bronze. – Mas essa é a história mais maluca que ouvi até hoje... um mago imortal que conversa com animais e tem como filha uma dragonessa que quer viver entre os humanos magos. Quando eu contar isso aos meus irmãos lá no covil, eles vão achar que bati a cabeça em algum lugar e não estou falando coisa com coisa... e que tanto ela me olha desse jeito?

Ankh guardando sua espada conta ao dragão:
- Ela olha assim porque nunca viu outro dragão ocidental antes além dela mesma... você é o primeiro... e também porque segundo contou o carcereiro, os pais dela foram mortos pelo abade com a ajuda de um dragão maligno.

- O que? Fica indignado o dragão enquanto percebe uma pequena lágrima no rosto silenciado da dragonessa. – Isso é terrível.

- Sim... é. Fala a dragonessa engolindo a seco e assumindo a forma humana novamente. – Agora nós vamos embora.

Os dois dão as costas ao dragão que fica parado após ouvir toda essa históra e caminham em direção a Torre dos magos. Então o dragão de bronze pergunta ao mago, tentando segurá-lo um pouco mais:
- E porque guardou sua espada? Porque não lutou comigo? Achou que não estou a sua altura?

- Aqueles que zelam pelo bem e pela ordem no universo evitam o uso desnecessário da força, preferem o caminho do diálogo e da razão... como você mesmo o fez grande dragão de bronze. Responde Ankh, sem se voltar para o dragão. – Talvez eu não esteja a sua altura.

“Que sujeito mais estranho... tenho que contar isso lá no covil, meus irmãos não vão acreditar... nem mesmo eu acredito, mas que o Cello vai querer saber, isso vai” pensa o dragão de bronze.

Enquanto isso, o Mago Arkano levanta da cama e, andando ainda meio cambaleante, aproxima-se da janela do quarto.. Lembra-se de toda a visão que teve durante o extâse, enquanto olhava para as estrelas que cintilavam como diamantes no céu negro de Darknessfall...

By ankhmaath Darkstone & e uma pequena contribuição de Arkano Indigo.

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