segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Morte de Desmor e a Vingança dos Dragões Parte I



Autor:Ianthe Frey

Os últimos raios de sol banhavam as folhas das arvores e iluminavam o caminho, guiando os passos de incautos viajantes que se viam surpreendidos pela chegada da noite, enquanto Desmor Nexen caminhava pela estrada a largos passos, ansioso por alcançar a entrada do covil dos Dragões antes da noite escura se instalar. Desmor olha para o céu a procura dos primeiros sinais da lua porem, tudo que consegue ver são nuvens carregadas de contida energia. O céu começara a se vestir de negro, antecipando o luto pela tragédia que iria se desenrolar em Darkness Fall.

Poucos dias haviam se passado desde que Desmor Nexen se decidira a abandonar definitivamente sua raça de Undeads e a se unir à raça de sua amada. Um Necromante e um Dragão, quem diria... Nem mesmo o mais acurado oráculo poderia ter previsto tal união.

Desmor não sabe bem quando, nem como, mas havia se apaixonado perdidamente pelo mais novo membro do clã dos Dragões. Ela era a luz e ele a escuridão. Dela emanava vida palpitante e atividade incessante, típica dos jovens dragões. Nele, a tônica era a inexorável indiferença daqueles que não tem mais nada por que lutar, além de sua própria e vazia inexistência. Acostumado como estava a passar despercebido pelo mundo dos vivos, Desmor foi surpreendido ao perceber aqueles imensos olhos azuis perscrutando os mais profundos abismos do seu ser. Não havia medo algum naquele olhar, apenas a mais pura e sincera curiosidade. E foi assim que, num momento de perplexidade e encantamento, Ianthe Frey teve um vislumbre do homem que um dia existiu naquele corpo ora destruído pela ausência de sentidos.

Nesse exato instante começou a historia de amor entre Desmor e Ianthe, historia essa que deflagraria os eventos que levariam a população de Darkness Fall a escolher lados, formar alianças e travar uma batalha sem precedentes na historia dessa terra.

No princípio o clima era de preocupação e apreensão, no covil dos Dragões. O que estaria tramando aquela criatura das trevas, rondando a área do covil? O que significava aquela estranha amizade entre a jovem dragonesa e um membro do mundo dos mortos-vivos? Como acontece com tudo nessa vida, com o passar do tempo os Dragões acostumaram-se àquela incomoda presença que aos poucos foi se instalando na área do covil. Desmor passava cada vez mais tempo em companhia dos dragões e de sua linda dragonesa. Que diferença entre o seu inerte mundo em preto e branco e aquele mundo cheio de vida numa profusão de cores de todos os matizes! A mudança ocorreu não apenas em sua mente, mas em seu corpo também. Desmor desejou e aceitou o sopro de vida que emanava dos dragões e penetrava em seu ser, mudando a natureza de sua essência. Finalmente foi chegado o dia em que abandonaria de vez o mundo das sombras para embarcar na incrível aventura de tornar-se um dragão e membro do clã. Uma aventura que selaria para sempre seu destino.

A noticia correu rápido por Darkness Fall; pela primeira vez, que se tivesse ouvido falar, um necromante havia desertado de seu clã, negado suas origens. A cidade estava em polvorosa e todos esperavam ansiosos pela reação do clã dos Undeads. Se fosse de qualquer outra raça, tudo bem, mas dos Undeads...eles não são conhecidos por sua capacidade de compreender e muito menos de perdoar. O clima ficava cada vez mais tenso conforme os dias se passavam. Nas redondezas do covil sombras podiam ser percebidas num relance; num momento estavam lá e no momento seguinte haviam desaparecido como num passe de mágica. Algo muito sério e importante estava acontecendo no meio dos necromantes.

Nessa mesma época Desmor passou a ser assediado por elos mentais de seus ex-companheiros que o ameaçavam caso não voltasse para o clã. Ao tentar ignorar os avisos, Desmor aumentou ainda mais a ira de seus antigos companheiros que passaram a segui-lo tornando as ameaças mais violentas e reais. Mesmo assim ele continuou levando sua vida, evitando confrontos e tentando absorver todos os benefícios que vinham com a vida no clã dos Dragões. E além do mais, ele tinha sua linda dragoneza, era aceito pelos membros do seu clã e já havia inclusive se tornado um deles. O que poderia dar errado nessa história? Membros de outras raças abandonam seus clãs diariamente para abraçar novas causas e nem por isso havia retaliação. As ameaças dos necromantes certamente não passavam de bravatas que acabariam por se perder entre as mudanças das estações.

Os dias forma se passando e a ira dos Undeads só aumentava pois, por mais que fizessem, não conseguiam trazer Desmor de volta para o convívio dos necromantes. De nada adiantavam ameaças, tentativas de seqüestro ou assédio constante. O ex-necromante parecia muito decidido quanto à sua escolha e não demonstrava sinais de ceder. Numa última investida os Undeads planejaram e executaram a ação que nos leva ao momento em que Desmor caminhava pela estrada, vindo da hospedaria, em direção ao Covil dos Dragões.

A noite já se adiantava trazendo consigo os perigos próprios da escuridão. Desmor Nexen tinha pressa, não deveria ter ficado tanto tempo na hospedaria. Tinha se distraído com a boa conversa e não percebera a passagem do tempo. Agora deveria pegar o caminho mais curto caso desejasse chegar ao covil antes da noite avançada, porém isso significava ter que passar pelo território dos Undeads. Algo no fundo de sua mente alertava-o do perigo, ele ainda não era um dragão completo e suas propriedades de necromante estavam já enfraquecidas. Seria presa fácil para seus ex-companheiros porém, como é próprio dos jovens apaixonados, resolveu ignorar tal advertência. Tinha pressa em chegar.

O silencio da noite acompanhava-o a cada passo do caminho, não havia viva alma à vista. Aqui e ali podiam ser percebidas sombras esgueirando-se por entre as árvores, escondendo-se atrás de pedras para logo depois desaparecerem no vazio da noite. Dando-se conta de que havia caído numa armadilha Desmor desembainha sua espada e aguarda o iminente ataque. Não tarda muito até que se vê cercado pelos membros do clã dos undeads, não havia nada que pudesse fazer a não ser lutar até a morte.

Contra todas suas expectativas os necromantes não o mataram imediatamente. Resolveram poupa-lo, fazendo-o prisioneiro, jogando-o na cela de seu castelo reservada aos cativos de outras raças. Durante uma noite inteira torturaram-no impiedosamente, tentando faze-lo mudar de idéia. Perguntavam: “Onde estava ele com a cabeça quando resolveu se passar para o clã de seus inimigos? Que segredos dos Undeads havia ele revelado aos arqui-inimigos dos necromantes?”. Dilaceraram seu corpo, imiscuíram-se em sua mente tentando destruir sua alma. Em nenhum momento o jovem Desmor demonstrou sinais de que iria ceder. Após a noite de torturas e humilhações inimagináveis, num último gesto de desespero, os Necromantes lhe oferecem uma chance de salvação: se voltasse para o clã e renegasse para sempre o seu amor pela dragoneza ele poderia viver e retomar o lugar que era seu de direito no clã dos Undeads. Enfraquecido pelos maus tratos, enlouquecido pela dor da perda de sua amada, Desmor reponde: “Minha escolha foi baseada no amor que sinto e isso é algo que vocês jamais poderão compreender. Quando se empreende a grande viagem ao mundo dos vivos e se experimenta sensações há muito adormecidas, não há como voltar. Jamais entreguei segredos dos Undeads e nem isso foi exigido de mim. Fui aceito pelos Dragões em seu meio sem perguntas ou exigências, ao contrário do que aconteceu aqui. Os Dragões são uma raça nobre e orgulhosa, jamais se rebaixariam a impor condições à minha adesão. Tenho pena de todos vocês, criaturas das trevas, que se afastaram da luz e das alegrias de uma vida plena de amor. Não me arrependo de minha decisão. Por amor abandonei a todos vocês e por amor lhes entrego minha vida”. Numa fração de segundos, O líder do clã dos Undeads puxa de sua espada e enterra-a no coração de Desmor, acabando de vez com seu sofrimento.

Nesse exato momento Ianthe Frey sofre uma conexão mental e recebe uma mensagem telepática de Desmor Nexen.



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ Fim da Parte I

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